Bem-estarObesidade Mental: o que é e como ela afeta a sua vida e a sua criatividade

Você já ouviu falar sobre obesidade mental?

Caso a sua resposta seja “não”, estamos juntos nessa, pois eu também não conhecia esse termo. Para mim, até então, obesidade estava relacionada ao acúmulo de gordura no corpo, devido a comermos mais calorias do que gastamos. E é daí que surge o conceito de obesidade mental, como você vai ler abaixo.

Contudo, com a pandemia de Covid-19, tivemos que nos adaptar e estamos passando mais tempo em casa. Sem dúvidas, isso é tentador e queremos fazer tudo o que não conseguimos durante a rotina “normal”, como estudar, nesse período.

O contexto favorece a produtividade, não é mesmo? Afinal, em vez de irmos a parques ou shoppings nos fins de semana, estamos em casa, estudando, lendo, assistindo a filmes, cozinhando e mantendo a mente sempre ocupada.

Por experiência própria, digo-lhe que nunca estudei tanto como nesta quarentena, o que vejo como positivo, porém há um certo limite para que seja produtivo e saudável.

Vem comigo nessa leitura entender quando passamos dos limites e sentimos esse estado de obesidade mental.

O que é obesidade mental?

Da mesma forma que a obesidade física consiste no acúmulo excessivo de gordura corporal por fatores diversos, a obesidade mental é o acúmulo de informações, muitas vezes, desnecessárias no nosso cérebro. Isso acontece porque estamos expostos diariamente à uma chuva de conteúdos, por conta da facilidade da internet. 

Se você se sente mentalmente fatigado com constância e/ou percebe que, por mais que leia, estude, não consegue entender ou usar esse conhecimento, talvez você esteja sofrendo desse mal sem saber.

Quando acontece a obesidade mental?

A sobrecarga da mente ocorre quando há uma busca incessante por conteúdo, mas o que foi aprendido não é colocado em prática.

Além disso, quando não filtramos as informações que realmente são importantes de serem absorvidas, nosso cérebro entra em uma espécie de colapso, muitas vezes causando ansiedade.

Mas, entenda, estudar e investir em educação é maravilhoso. Até porque os países mais desenvolvidos investem muito em educação para sustentarem suas sociedades com altos níveis de reflexão, questionamento, diversidade e progresso.

Porém, quando estudamos demasiadamente, compramos mil cursos, logamos em milhares de lives e compramos diversos livros, podemos entrar em um estado de obesidade mental. 

Como identificar o estado de obesidade mental?

Esse estado acontece quando, ao invés de ser prazeroso, o estudo torna-se penoso e não produtivo. Além do mais, esse acúmulo de atividades pode nos gerar aquela sensação de “não vou dar conta” e “não sou capaz”.

Esse “overuse mental”, ou seja, esse acúmulo de informações em nossas mentes pode nos gerar desde uma simples preocupação até níveis significativos de ansiedade e estresse.

Se nos sentimos ansiosos e estressados com nossos estudos, será muito difícil entrarmos em estado de Flow, que, segundo Mihaly Csikszentmihalyi, nossa grande referência nesses estudos, é um estado mental em que a pessoa está totalmente imersa na atividade que está realizando e nada mais parece importar. Esse estado gera bem-estar e satisfação.

Você não entrará em estado de Flow a todo momento, porém é importante que você tenha momentos de Flow que servirão como um “alerta” de que você está no caminho certo.

Como a obesidade mental atrapalha o seu processo criativo

Quando estamos com muitas informações na cabeça e, principalmente, não as colocamos em prática, o nosso processo criativo fica bloqueado.

Isso se deve ao fato de não termos clareza das nossas ideias. Nossa mente está sobrecarregada com diversas informações e não consegue filtrar o que realmente importa.

Para sermos criativos, o nosso cérebro precisa estar descansado, mas também ter acesso a conteúdos relevantes. Assim, é possível ter mais criatividade.

Veja bem, não estou dizendo para você deixar de assistir aos stories das suas influencers preferidas ou reality shows. Apenas tente equilibrar esses momentos.

Como aproveitar a quarentena estudando de forma produtiva e sem estresse

Deixo aqui algumas dicas, baseadas na minha experiência. Coisas que eu fiz e que deram certo para mim. Espero que funcionem para você também. 

Pense (bem) antes de comprar um material de estudo

Pense muitoooo bem antes de comprar! Comprar algo por impulso pode te levar ao arrependimento. Então, para que você evite isso, é muito importante que antes você avalie o conteúdo do curso/palestra, saiba as referências do facilitador e busque por comentários na internet ou referências por meio de pessoas conhecidas.

Avalie também se esse tema te trará resultados na prática.

Não queira abraçar o mundo

Calma! É só uma quarentena e não o único período em que você pode estudar. Por isso, conheça sua agenda diária e se organize, incluindo atividades que caibam nela. 

Lembre-se de que em quarentena você está mais em casa, sendo assim, você tem mais tarefas domésticas e filhos para cuidar, então se programe dentro da sua realidade atual.

Foque no seu bem-estar

Foque em temas de seu interesse, administre bem o seu tempo e sinta que aquele momento de estudo, leitura de um livro ou atenção a uma palestra/live te traga sensações prazerosas ligadas ao seu bem-estar.

Evite o overuse da força de caráter “Amor ao Aprendizado”

A Psicologia Positiva, conhecida como a Ciência da Felicidade, traz em seu repertório o assessment VIA, conhecido como Inventário de Forças de Caráter ou Forças Pessoais. 

Uma das 24 forças de caráter é o Amor ao Aprendizado. Essa força de caráter é fantástica, porque desperta o desejo de dominar novas habilidades, tópicos e áreas de conhecimento, porém quando superutilizada te leva ao perfil “sabichão”. 

O “ sabichão” tende a desconsiderar o que os outros sabem, porque é óbvio, ele sabe de tudo! E o reflexo disso acaba não sendo percebido de forma positiva pelos outros.

Utilizar a força de caráter de forma equilibrada é o nosso grande desafio e também o ideal.

Conclusão

Concluindo, pude constatar, por meio das minhas pesquisas para escrever esse artigo, que a obesidade metal não é um termo gerado pela pandemia, mas sim pelo mundo moderno que nos bombardeia de informações o tempo todo.

A pandemia veio reforçar essa sede por consumir informação, tendo em vista a nossa necessidade de ocupar nosso tempo por estarmos mais em nossas casas e mais limitados quanto às nossas atividades externas.

Reforço que a vontade de estudar e consumir informação é maravilhosa, porém, em excesso, sem um objetivo claro e, principalmente, sem a possibilidade de colocar em prática o que foi aprendido, pode te levar à obesidade mental. Proteja-se dela fazendo escolhas conscientes sobre o que consumir intelectualmente.  

Forte abraço e até o próximo post!

Cris